sexta-feira, 5 de março de 2010

CLÍNICA MÉDICA- Prof. Daniele - DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO

Ataques Epilépticos

Conceito: Epilepsia é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível, que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas. Para ser considerada epilepsia, deve ser excluída a convulsão causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos, já que são classificadas diferentemente.

Os sinais elétricos incorretos do cérebro (descarga neuronal) podem ser localizados ou difusos, no primeiro caso aparecendo como uma crise parcial e no segundo caso como generalizada, atingindo ambos os hemisférios cerebrais. Estas alterações geralmente duram de poucos segundos a alguns minutos.

Qualquer pessoa pode sofrer uma crise epiléptica, devido, por exemplo, a choque elétrico, deficiência em oxigênio, traumatismo craniano, baixa do açúcar no sangue, privação de álcool, abuso da cocaína. As crianças menores podem ter convulsões quando têm febre; nestes casos, são chamadas "convulsões febris", mas não representam epilepsia.

Segundo o presidente da Sociedade de Neurologia Pediátrica Mexicana, Jesus Gómez-Placencia, em artigo publicado na revista Cérebro & Mente, 75% dos pacientes epiléticos iniciam suas crises antes dos 18 anos. E para a criança com epilepsia, sofrer o estigma chega a ser pior que a própria doença. Ele alerta para a importância de se efetuar o diagnóstico o mais cedo possível, para que se estabeleça o tratamento adequado, e para que possam ser trabalhados os aspectos psico-sociais relevantes para a reintegração do paciente a seu núcleo familiar, escolar e social.
Causas: Existem várias causas para a epilepsia, pois muitos fatores podem lesar os neurônios (células nervosas) ou o modo como estes comunicam entre si. Os mais frequentes são: traumatismos cranianos, provocando cicatrizes cerebrais; traumatismos de parto; certas drogas ou tóxicos; interrupção do fluxo sanguíneo cerebral causado por acidente vascular cerebral ou problemas cardiovasculares; doenças infecciosas ou tumores.

Podem ser encontradas lesões no cérebro através de exames de imagem, como a tomografia computadorizada, mas normalmente tais lesões não são encontradas. O eletroencefalograma (EEG) pode ajudar, mas idealmente deve ser feito durante a crise.Quando se identifica uma causa que provoque a epilepsia, esta é designada por "sintomática", quer dizer, a epilepsia é apenas o sintoma pelo qual a doença subjacente se manifestou; em 65 % dos casos não se consegue detectar nenhuma causa - é a chamada epilepsia "idiopática". Emprega-se o termo epilepsia "criptogénica" quando se suspeita da existência de uma causa mas não se consegue detectar a mesma.
Conquanto possa ser provocada por uma doença infecciosa, a epilepsia, ao invés de algumas crenças habituais, não é contagiosa, ninguém a pode contrair em contato com um epiléptico. Na maioria dos casos a epilepsia deve-se a uma lesão cerebral causada por Traumatismo provocado por acidente físico, num Tumor, numa Infecção, no Parasita cisticerco, num Parto mal feito ou numa Meningite, embora em menor freqüência pode ser Genético, significando que, em poucos casos, a epilepsia pode ser transmitida aos filhos. Outro fator que pode explicar a incidência da epilepsia entre parentes próximos é que algumas causas como a infecção e a meningite, possíveis causas das lesões cerebrais, são contagiosas, expondo parentes próximos a uma incidência maior. Do mesmo modo, a cisticercose que é causada pela ingestão de ovos provenientes da Taenia Solium (porco), adquirindo em alimentos "contaminados" costumeiramente fazem parte da alimentação de parentes próximos. A despeito da crença popular que a epilepsia é incurável, existem tratamentos medicamentosos e cirurgias capazes de controlar e até curar a epilepsia.

Cuidados: As manifestações mais evidentes são a queda, salivação abundante, eliminação de fezes e urina (às vezes) e movimentos desordenados.
• Proteja a cabeça da vítima com um travesseiro ou pano (para que ela não se machuque se debatendo) e afrouxe-lhe a roupa.
• A vítima poderá morder a própria língua, mas não irá engolí-la. Por isso, não coloque objetos em sua boca nem tente puxar a língua para fora.
• Deixe a vítima debater-se livremente. Coloque-a deitada em posição lateral para que a saliva escorra e o paciente não engasgue.
• Mantenha-a em repouso, cessada a convulsão. Deixe-a dormir.
• Nas convulsões infantis por febre alta, deite a criança envolta de uma toalha úmida.
• Procure ajuda médica se:
o A pessoa se feriu gravemente com a crise (por exemplo, bateu a cabeça em algum objeto)
o A crise dura mais do que o normal para aquela pessoa (se não se souber a duração normal da crise para a pessoa em questão, tomar como limite cinco minutos)
(Sempre procure ajuda médica, pois não sabe-se bem o motivo da convulsão, pode haver danos neurológicos)
• Importante: Não jogue água sobre a vítima, não dê tapas, não tenha receio (a saliva de uma pessoa com epilepsia não transmite a doença). Não é necessário fazer massagem no coração ou respiração boca-a-boca.

Como ajudar um Doente com Ataque

* Mantenha-se calmo e acalme quem assiste à crise.
* Desaperte a roupa à volta do pescoço.
* Permaneça junto da pessoa até que volte a respirar calmamente e comece a acordar.
* Coloque a pessoa de lado com a cabeça baixa, de modo a que a saliva possa escorrer para fora da boca.
* ponha qualquer coisa macia debaixo da cabeça, ou ampare esta com a sua mão, impedindo-a de bater no chão ou contra objetos.
* Ofereça-se para ajudar no regresso a casa ou chamar alguém da família.

O que não se deve fazer

* Não meta nada na boca da pessoa (nem colher, nem objeto de madeira, nem lenço, nem dedos). Não puxar a língua.
* Não a tente acordar, não a force a levantar-se.
* Não lhe dê de beber.

Tratamento: Os principais medicamentos utilizados são:
• Fenobarbital
• Fenitoína
• Valproato
• Carbamazepina
• Depakene


Cefaléias

A dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns entre todas as queixas de pacientes em qualquer especialidade clínica. Pode, em alguns casos, representar uma manifestação de doença neurológica, mas, na maior parte das vezes, não tem causa determinada ou decorre de problema emocional. Os tipos mais comuns são:
Cefaléias vasculares: A mais comum é a enxaqueca clássica, causada por dilatação ou contração dos vasos sangüíneos. Em geral, a dor é precedida por uma fase caracterizada por fenômenos visuais transitórios ("enxergar estrelinhas cintilantes"). Em alguns casos, horas antes, a pessoa pode manifestar irritabilidade, depressão, sensibilidade exagerada à luz e a ruídos. A dor é pulsátil e atinge, mais freqüentemente, a região frontotemporal, mas, às vezes, localiza-se apenas em um dos lados da cabeça. A enxaqueca, na sua fase aguda, pode provocar calafrios, náusea e vômito, após o qual o paciente melhora, entrando em uma fase de fadiga e sonolência. Enxaquecas vasculares podem ser episódicas ou crônicas.
Existe um tipo de enxaqueca comum, que é mais leve e decorre sem fenômenos visuais. Causa problemas de concentração e dificuldade para dormir.

Estima-se que a prevalência da queixa de dor de cabeça,ao longo da vida seja de 93% nos homens e 99% nas mulheres e que, 76% do sexo feminino e 57% do masculino,tenham pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês. Já se falarmos em enxaqueca (que é um tipo específico de dor de cabeça), a prevalência geral ao longo da vida é de aproximadamente 12% (18% entre as mulheres, 6% nos homens e 4% nas crianças).
Isto quer dizer o seguinte: só no Grande Rio, onde se tem uma população estimada em 10 milhões de habitantes, existem 1.200.000 sofredores de enxaqueca, sem contar outros tipos de dor de cabeça. Para se ter uma idéia, daria para lotar mais de 10 estádios de futebol do tamanho do Maracanã somente com sofredores de enxaqueca. Isto é assustador. Se transportarmos esses dados para a população brasileira, estimada em 170 milhões, teremos só de enxaquecosos vinte milhões de pessoas, sem falarmos nas outras dores de cabeça. São cifras alarmantes.
Cefaléias de tração: Causadas por má postura, problemas na coluna cervical etc.

Cefaléias por alteração dos seios da face: Resultado de rinite alérgica, resfriados e gripes.
Cefaléias emocionais: Produzidas por mecanismos emocionais: estresse diante de situações de tensão, angústia, frustração, sentimentos de culpa etc.
Cefaléia por TPM: Geralmente ocorre em mulheres acima de 35 anos, pouco antes ou durante a menstruação.

As cefaléias primárias não apresentam uma causa especifica, podendo a mesma ser de natureza multifatorial e de caráter hereditário, ao contrário das cefaléias secundárias, que apresentam uma causa patológica evidente. As dores de cabeça podem se manifestar de modo súbito, subagudo ou crônico.
As cefaléias de início agudo ou súbito geralmente constituem manifestação de uma patologia intracraniana como hemorragia subaracnóide ou de outras doenças cerebovasculares ou infecciosas (meningites / encefalites). Todavia, elas também podem ocorrer após punção lombar (procedimento médico especializado para diagnóstico de enfermidades neurológicas) ou mesmo durante manobras fisiológicas que possam aumentar a pressão intrabdominal e conseqüentemente a intracraniana, como exercícios físicos intensos e relações sexuais.
Àquelas de manifestação subaguda, podem ser resultantes de enfermidades inflamatórias do tecido conjuntivo, ou mesmo de processos tumorais intracranianos (tumores, abscessos cerebrais, metástases cerebrais), além de neuralgia do trigêmio/ glossofaríngeo e crise hipertensiva.
As cefaléias crônicas, geralmente são de natureza primária. São resultantes, na maioria das vezes, das enxaquecas, cefaléias tensionais e cefaléias em salvas.

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado na compreensão da fisiopatologia das dores de cabeça, na obtenção de uma história clínica e realização de um exame físico e neurológico cuidadoso e completos, afim de formular um diagnóstico diferencial. Dependendo do caso, geralmente naquelas de caráter secundário, pode ser necessário exames subsidiários, como estudo radiológico funcional da coluna, tomografia e/ou ressonância magnética de crânio, eletroencefalograma, exames laboratorias com análise do líquor e sangue, afim de melhor estabelecer o diagnóstico. Todavia, o diagnóstico das cefaléias e dores faciais é eminentemente clínico.

Tratamento
O tratamento das dores de cabeça é feito com analgésicos comuns de uso diário, dosados pelo médico de acordo com a gravidade dos sintomas. Nas cefaléias emocionais, pode ser indicada a psicoterapia.
De acordo com alguns estudos as pessoas podem chegar a consumir de 14 a 30 comprimidos por semana e alguns, de 10 a 12 por dia. Cada indivíduo chegando a usar em média dois a cinco tipos de medicamentos sintomáticos: cafeína; paracetamol; antiinflamatórios; antiespasmódicos; aspirina; descongestionante nasal e anti-histamínicos; propoxifeno; butalbital; ergotamina; triptanos e narcóticos.
No entanto, tomar esses medicamentos mais de duas vezes por semana, durante três meses seguidos, já induz a cronificação da dor.

Recomendações
O paciente sujeito a dores de cabeça deve:
• Descobrir as situações que provocam dor de cabeça.
• Empregar todas as estratégias possíveis para manter seu estresse sob controle.
• Fazer exercícios físicos regulares.
• Evitar alimentos e bebidas conhecidos por desencadear cefaléia: bebidas alcoólicas, aspartame (adoçante artificial), cafeína, frutas cítricas etc.
• Não abusar de analgésicos.
• Se não se sentir capaz de praticar, sozinho, técnicas de relaxamento e de alongamento.
• Consultar um médico sempre que necessário.

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